"Felicidade está no Ativo e não no Passivo "







domingo, 18 de julho de 2010

Recuperação...

Olá !

Subi ao quarto com minha mãe e em seguida chegou o médico com seu assistente , ele pediu para que eu tirasse toda a roupa e assim começou a passar a caneta para marcar os pontos e tirar as fotos do antes e depois .

Depois do médico veio o anestesista e eu perguntei à ele se doeria , ele respondeu com a boa e velha frase de quem manipulas agulhas : - Será só uma picadinha. Quando subi ao centro cirurgico ainda estava acordada , fiquei com medo deles começarem sem que a anestesia tivesse pego . Olhei para o anestesista e lhe disse : - Ainda estou acordada ! E ele me respondeu sorrindo : - Já , já você capota ! Ele tinha razão , fui acordar 06 horas depois .

Ano passado , levei um tiro na perna em uma tentativa de assalto. Sempre digo que tive muita sorte porque o projétil atravessou minha perna , não ferindo nenhuma artéria ou osso sequer. Fiquei uma semana de molho em casa , com a perna inchada e vermelha , parecendo uma peça de mortadela. Achei que aquela seria a maior dor física da minha vida. Ledo engano.

Na cirurgia do abdômem , o médico amarra o músculo e você fica com a sensação de que levou vários socos na boca do estômago. Respirar sem dor se torna extremamente difícil.

Eu acordava e não conseguia me mexer na cama , porque além dos hematomas e dos pontos , seu corpo fica dentro de uma cinta elástica quase dois números menores que o seu. A quantidade de remédios é tanta que não lembro de ter feito outra coisa além de dormir , acordar e chorar .Briguei com a enfermeira porque ela queria me obrigar a fazer xixi na comadre. Estava dopada mas não o bastante para aceitar fazer minhas necessidades em uma bacia de alumínio.

Recebi alta no dia seguinte , estava louca para ir embora , hospital me deixa com os nervos a flor da pele e a comida é muito ruim. Fui para casa , novamente acompanhada da minha mãe e minha amiga e foi a partir desse momento , que as coisas simples começaram a ficar difíceis.

Nos primeiros dias você precisa andar curvada , mais do que precisar , você não consegue andar de outra forma a não ser curvada. Cada lombada que o carro passava , eu me arrepiava de tanta dor.

Quando chegamos em casa , um único lance de escada que subo em 02 segundos para chegar ao meu apartamento , foi subido em quase 10 minutos , os mais longos da minha vida.

Tenho dois quartos em casa e cada um deles tem uma cama de casal , nehuma delas me recebeu bem. O único lugar onde eu conseguia ficar em uma posição legal , foi no sofá de 03 lugares da sala. Foi nele que dormi por quase uma semana.

O banho é liberado apenas após 03 dias . No dia do banho , estávamos novamente , minha mãe , minha amiga e eu. Enquanto uma ajeitava a temperatura da água , a outra me ajudava a tirar a cinta , enquanto uma tirava os esparadrapos , a outra lavava meu cabelo. Depois juntaram-se as duas para abotoar a cinta. E eu lá , com tontura e quase sem ar, mal respirando de tanta dor.

A primeira semana é a pior . Você se submete a um processo para ficar mais bonita e fica uma semana inteira se sentindo um monstrinho. Inchada , roxa , dolorida , febril . Tudo normal de novo. Assim disse o médico.

Mas como nada dura para sempre , depois de todas as dores possíveis , um dia você acorda e percebe que passou a noite toda dormindo  e que consegue levantar com menos esforço. Tomar banho já não me dava tontura. A febre baixou , a dor de cabeça passou e na noite seguinte lá estava eu , me despedindo do sofá e indo dormir na minha cama.

Não sei se já leram o livro da Pollyanna , a garotinha é protagonista de 03 livros que relatam sua vida e neles ela faz "o Jogo do Contente", uma atitude otimista que ela aprendeu com o seu pai. Esse jogo consiste em encontrar algo para se estar contente, em qualquer situação por que passemos. Li esses livros quando tinha uns 12 anos , mas sempre me lembro deles e durante os dias em casa  , acabei fazendo meu jogo do contente.

Apesar da dor , foi bom ter minha mãe em casa comigo. Carinho é sempre muito bem vindo e carinho de mãe , não tem igual.

Ainda não pude ver o resultado efetivo em meu novo corpo. Também ainda não consigo dizer que faria tudo de novo. O que sei é que estou feliz , acima de qualquer coisa , estou feliz por ver mais uma objetivo meu realizado. A realização dos meus objetivos me faz sentir forte e me dá a certeza de que sou capaz de realizar outros mais.

Abraços e boa sorte!

Eli

Nenhum comentário:

Postar um comentário